19 de dezembro de 2009

Wally finalmente em exposição

Wally é meu chapa há anos. Desde o final dos anos 80, encontro ele pelo bairro afora, e sempre, naturalmente, nosso papo descamba para assuntos diversos como poesia/literatura/música/política/artes/ecologia/cangaço/Brasil/futebol/cultura popular/desigualdade social, etc etc etc. Tranqüilamente, eu e ele poderíamos ficar tomando cerveja um dia inteirinho, com o papo fluindo sem pausa e quase sempre na mesma sintonia. Eu o considero um dos maiores batalhadores culturais de São Caetano, um artista que segue a sua intuição e nunca-jamais-nem pensar, se vende ou muda sua postura por política, poder, dinheiro ou status. Pessoa rara hoje em dia. Há 20 e tantos anos, está na labuta do grafismo, do grafite, da pintura, da arte na parede e durante esta longa jornada se aventurou vez em quando em arte plástica mais tradicional, via quadro. Pois eis que por estes dias, ele me surpreende mais uma vez, trazendo-me em mãos um convite para a sua exposição intitulada "Frag-Mental", com obras em telas, selecionadas especialmente para este debut. Finalmente uma exposição somente sua! O artista Roberto Romero, que eu conheço por R.Wally, merece muito mais. Que esta nova fase abra as portas para uma nova dimensão em sua prolífica carreira!

Exposição "Frag-Mental"
por Roberto Romero (R.Wally)
19 de dezembro de 2009 a 31 de janeiro de 2010 ( inauguração 19/12 a partir das 20hs)
Local: Ibérica Cultural & Idiomas
Rua Taipas, 645 - Bairro Barcelona - São Caetano do Sul
Contato: 4227-6333 (Entrada Franca)

18 de dezembro de 2009

Simpsons 20 anos

Aos 20 anos, completados agora em dezembro, Simpsons já é um clássico absoluto. A animação, com seu jeito impiedoso, sarcástico e cheio de referências pop, revolucionou o jeito de se fazer desenho para a tv. E que seja dito: desenho pra marmanjo, principalmente, já que trata de sexo, drogas, comportamento, política, entre outros assuntos, de um modo bem abrupto e politicamente incorreto. Simpsons é um colírio para olhos que se arregalam diante de tanta hipocrisia e etiqueta vindas do mundo modernoso (e xaroposo). Um exagero aqui, outro ali, mas nada que desbote seu afiado humor despudorado.
A Fox acabou de lançar o pôster oficial dos 20 anos, uma atualização da primeira versão feita na época do longa metragem da série, em 2007. Vale a pena procurar entre os personagens principais, algumas figuras da vida real, como roqueiros, políticos e celebridades em geral. Afinal, uma das grandes sacadas dos roteiristas foi justamente misturar pessoas do mundo real ao univeso simpsoniano.
Vejam a seguir, o pôster comemorativo e algumas cenas antológicas com grandes roqueiros do nosso mundo:
http://www.ew.com/ew/special/0,,20327492,00.html (arrastem o mouse para a visualização completa).
Simpsons meet The Beatles: http://www.youtube.com/watch?v=zlzmYpnZHaU
Simpsons - Music Collection: http://www.youtube.com/watch?v=7AkrUPuzWbw

14 de dezembro de 2009

Glenn Hughes - "The Voice of Rock"

Glenn Hughes, um dos melhores vocalistas da história do rock, está no Brasil, e suas apresentações serão para poucos privilegiados. O velho e bom roqueiro adora a terra brasilis e vem ao país pela quarta ou quinta vez (a última foi em 2007). Além de ótimo baixista, Hughes sempre teve uma garganta privilegiada, o que o levou a participar de grandes formações clássicas do rock, como Deep Purple (entre 1974 e 1976, ao lado de David Coverdale), Trapeze (1970 a 1973) e Black Sabbath (1986), além de projetos com o Rainbow e Tommi Iommi. Outra característica peculiar de sua trajetória é o seu fascínio pela música negra como o rithm'n blues e o funk, fazendo com que o seu som se mostre suingado na maioria das vezes.
Ele já tocou em Santa Catarina na sexta, no Orquídea Rock Festival de Lages, e entre hoje e sexta se apresenta em shows especiais e/ou pequenos: hoje estará no Rhino Pub em São Paulo, na quarta é a vez do Carioca Club (apesar do nome, também em São Paulo), que contará com a abertura da rediviva Casa das Máquinas (ver matéria abaixo) e dia 18 fecha de novo com Santa Catarina, no Floripa Music Hall. Para quem prefere vê-lo no sofá, ele estará amanhã ao vivo com o "titio" Marco Antonio, a partir das 18 horas na Kiss FM e mais tarde, participará do programa Todo Seu, do Ronnie Von ( TV Gazeta, a partir das 22hs).
Na sala, no gargarejo ou no camarote, vale a pena conferir porque Glenn Hughes é chamado a muito tempo de 'The Voice of Rock'.
Site/ cartazes e datas: http://www.glennhughes.com/tour.html
matéria (Glenn e Casa das Máquinas): http://territorio.terra.com.br/noticias/?c=21521
Glenn Hughes c/Rata Blanca atacando de Deep Purple: http://www.youtube.com/watch?v=r1xds0xwRDU
Glenn Hughes ( tocando clássico do Trapeze): http://www.youtube.com/watch?v=rsl_ScR6ZUk
Deep Purple live in California -1974 (ao lado de David Coverdale): http://www.youtube.com/watch?v=1JAVUiADsG4&feature=related
Glenn na Austrália, soltando a voz: http://www.youtube.com/watch?v=ZSVXvXji3Vk

8 de dezembro de 2009

Consciarte

O meu amigo Rick Berlitz vinha fazendo belos resgates no seu blog Fóton Átomo, mas ultimamente estava disposto a dar uma sacudida na sua página, que segundo ele, estava sem um foco mais nítido. Pois ele não só sacudiu, como redefiniu tudo. Saiu o Fóton, entrou o Consciarte, com novo layout, nova proposta e muito mais informação. A música, sempre ela, tem destaque especial. Confiram o novo blog e o último post, uma bela homenagem ao maestro soberano Tom Jobim, que nos deixou há exatos 15 anos:
http://consciarte.wordpress.com/2009/12/08/especial-15-anos-sem-tom-jobim/

7 de dezembro de 2009

A elegante e charmosa Elenco

Finalmente as maravilhosas capas da gravadora Elenco estarão expostas para o público, como obras de arte. A partir de quarta-feira (09), abre-se a exposição Elenco: a cara da bossa, com curadoria do designer Marcello Montore, no Instituto Tomie Ohtake, reunindo de forma inédita todas as 75 capas do selo. Nada mais justo para uma concepção gráfica inovadora que acabou virando a cara, a capa e o portrait da bossa-nova, mesmo que tenha surgido quando o movimento já se consolidara. Se essas preciosidades do designer brasileiro vieram à luz e fizeram história, devem tudo a três pessoas: Aloysio de Oliveira, o pai da criança, compositor e produtor tarimbado que conhecia meio mundo da música e da bossa e resolveu criar um selo próprio, depois de ser dispensado de duas majors; Chico Pereira, ex-Odeon, fotógrafo e "enturmado" desde os tempos das reuniões em apartamentos na pré-história do movimento - seu nome bombou na internet no início do ano, após vazamento de um registro feito em sua casa em 1958, com João Gilberto tocando violão antes de gravar o seu primeiro LP ; e César Villela, diretor de arte, também ex-Odeon, que vestiu o grafismo das capas com um minimalismo elegante e virou referência. Esses três já tinham mostrado a ponta do iceberg na Odeon anos antes, mas na Elenco, arrebentaram. Produção bacana, um elenco mágico de artistas, capas inovadoras e uma música universal - tudo em cima, menos o money. A distribuição da Elenco era restrita e acabou definhando em pouco tempo. Aloysio colecionou dívidas, Chico e César não ganhavam nada - embora adorassem criar para a Elenco. Todo esse desprendimento e paixão deixou marcas: a música, eterna, embora no caso, sempre "fora de catálogo", depois de reedições esporádicas; e as capas, magníficas, charmosas, concisas, e que agora podem ser apreciadas ao vivo, como obras de arte que são.
A exposição: 09/12/2009 a 10/01/2010 - Terça a domingo, das 11h às 20h - entrada gratuita
Instituto Tomie Ohtake - Av.Faria Lima, 201- Pinheiros - SP

Para saber mais sobre a Elenco e Aloysio de Oliveira:
http://www.rabisco.com.br/16/elenco.htm
Para saber mais sobre Cesar Villela:
http://musica.uol.com.br/ultnot/2008/07/31/ult5955u28.jhtm
As famosas capas:
http://freakshowbusiness.com/2009/08/02/as-capas-dos-discos-da-gravadora-elenco/
http://bizarremusic.com.br/elenco/elenco2.htm

2 de dezembro de 2009

Milton Andrade - uma vida dedicada à cultura


Foto: Luzia Maninha/Livraria Alpharrabio

Hoje cedo, bati o olho no Diario do Grande ABC pendurado na banca do Carlão e logo vi a notícia, no rodapé da primeira página: "Morre aos 72 anos, Milton Andrade". Já sabia que ele lutava contra um câncer, mas essas notícias sempre nos pegam no contrapé e nos derrubam. Para quem não sabe, Milton foi um dos maiores ativistas culturais da região do ABC, produzindo e incentivando diversas manifestações artísticas e literárias. Nascido em Itapira e formado em Direito e Letras, adotou o ABC como lar e celeiro de idéias e projetos nos anos 60, logo mostrando ao que veio. Montou grupo de teatro, organizou o Salão de Arte Contemporânea de Sao Caetano em 1967 e um ano depois, foi o artífice da Fundação das Artes de São Caetano, entidade que dirigiu por 16 anos e transformou em parâmetro para a área. Nas ocasiões em que desgarrava-se da região, também deixava marcas: coordenou o Festival de Inverno de Campos de Jordão,em 1980, criou a Orquestra Sinfônica Juvenil do Estado de Sao Paulo e foi diretor-técnico do MAM de São Paulo. Lecionou Literatura, escreveu matérias literárias e teatrais para jornais e depois de muita relutância, lançou "O Inventor de Paisagens", seu único livro de poesia, em 2001, pela Alpharrabio Edições. Como ator e diretor, participou de diversas peças, muitas delas premiadas, e dos anos 90 pra cá apareceu nacionalmente em novelas e minisséries da TV Globo como Terra Nostra, Esperança e Os Maias. A sua figura distinta direcionava-o para papéis de juíz, padre ou executivo e foi assim, elegantemente, que o Brasil conheceu-o. Tive o privilégio de estudar na segunda turma do Colégio Eduardo Gomes em 1983, na gestão dele como diretor. 10 anos depois, reencontrei-o algumas vezes na porta do Chaplin Bar, altas horas da noite: eu com minha turma de rock alcoólico, ele, vizinho da balbúrdia, pedindo encarecidamente que fizéssemos menos barulho- mantinha a elegância até nessas horas. Nos anos seguintes, batemos papos rápidos em encontros esporádicos no bairro e eu sempre fiquei com uma baita vontade de me convidar pra ver sua lendária biblioteca particular de 10 mil volumes. Por vergonha, nunca mencionei-a, mesmo sabendo que as portas de sua casa estavam sempre abertas para estudantes, pesquisadores e eventuais caçadores de sabedoria. A sua intenção nunca foi guardar sabedoria, mas transmití-la. Por isso essa ânsia em ensinar e essa militância cultural perene. É por essas e outras, que Seu Milton vai deixar saudade...