30 de novembro de 2012

O acervo sorve 9: Ciclo de Debates do Teatro Casa Grande (Editora Inúbia - Coleção Opinião - 1976)

Achei esse importante livro por um preço irrisório em uma baciada promocional de um sebo próximo. Estava escondido ali entre didáticos, livrinhos de auto-ajuda e contos populares. O seu conteúdo vale muito. Nele está a íntegra do I Ciclo de Debates da Cultura Contemporânea, reunindo 30 profissionais dos mais qualificados na época (durante oito semanas entre abril e maio de 1975) em cinema, teatro, música popular, televisão, artes plásticas, imprensa, literatura e publicidade. Imaginem um debate desses, ao vivo, em plena ditadura, atraindo uma média de 1400 pessoas, todas acompanhando as exposições e discussões sobre os problemas da cultura brasileira...esse ciclo conseguiu essa proeza. A lista dos participantes das mesas traz o supra sumo cultural dos anos 70. Sintam só: Roberto Pontual/ Rubens Gershman/Frederico de Morais/ Paulo Pontes/ Prof.Muniz Sodré/Walter Avancini/Olívio Tavares de Araújo/José Carlos Avelar/Alex Vianny/Leon Hirschman/Fernando Torres/Yan Michalski/Plínio Marcos/Albino Pinheiro/Sérgio Cabral/Sérgio Ricardo/Chico Buarque/Ziraldo/Zuenir Ventura/Mino Carta/Antônio Houaiss/Alceu Amoroso Lima/Affonso Romano de Santanna/Antônio Callado/Antônio Cândido/Darwin Brandão/Franco Paulino/Japiassu/Hugo Weiss/Chevalier e Villas-boas. Um time de respeito, não? pena que hoje não se faça algo parecido...

28 de novembro de 2012

Native Brazilian Music pode finalmente aportar no Brasil

A outra matéria da aniversariante Rolling Stone que eu citei no post anterior é justamente sobre aquele disco "perdido" da Columbia, gravado no Brasil nos tempos do Getúlio Vargas e da política das boa vizinhança e que ainda tem as masters esquecidas em algum arquivo da gravadora americana. Eu postei sobre o assunto no início deste ano (http://almanaquedomalu.blogspot.com.br/2012/01/ha-cerca-de-dois-anos-obtive-detalhes.html ) e se na ocasião eu já tinha ficado de queixo caído e emocionado com a história, agora não foi diferente. Mais ainda, aliás, já que há esperanças de um desfecho digno e à altura de obra tão importante.
Com a investigação da reportagem + a batalha de sempre da Daniella Thompson, a pesquisadora que não só levantou a lebre mas suou anos para poder ver uma luz no fim desse túnel, as coisas finalmente parecem que se mexeram do lado de lá. Cruzemos os dedos.
Acompanhem a matéria da RS, o post anterior sobre o assunto e o site da Daniella Thompson (que inclui toda a "caçada")
http://rollingstone.com.br/edicao/edicao-74/o-tio-sam-extraviou-nossa-batucada
http://almanaquedomalu.blogspot.com.br/2012/01/ha-cerca-de-dois-anos-obtive-detalhes.html
http://daniellathompson.com/

19 de novembro de 2012

Os 45 anos da revista Rolling Stone

A última edição da Rolling Stone Brasil trouxe várias matérias interessantes e eu resolvi replicar pelo menos dois dos assuntos que mais me chamaram atenção. O primeiro é o aniversário de 45 anos da publicação, comemorado neste mês de novembro. Foi só agora que me toquei que a mítica Rolling Stone tem só dois meses a menos que eu em idade. Aliás, que ano esse 1967! além da revista, viu nascer o primeiro disco do The Doors, o incomparável Sgt.Pepper's Lonely Hearths Club Band, o verão do amor, a consolidação dos festivais no Brasil, A Bela da Tarde e A Primeira Noite de Um Homem nos cinemas, Wave do Tom Jobim, Rei da Vela no teatro, etc, etc. A Rolling Stone traz nessa edição de novembro algumas de suas capas mais criativas ou significativas - todas de alguma forma impactantes. Replico algumas desta seleção aqui ( e outras que eu acrescentaria em minha seleção pessoal). A Rolling Stone sempre foi uma revista bem feita, a começar pela capa. Parabéns!

Essa é a nº1, quando a publicação não sabia ainda se era jornal ou revista (09/11/1967)
Rolling Stone nº49 ( 27/12/1969) - esta edição trazia uma ótima resenha de  Greil Marcus sobre a década e o disco Let it Bleed dos Rolling Stones.
Rolling Stone nº 137 (21/06/1973)

Rolling Stone 12/08/1976
Rolling Stone 10/06/1971 (na camiseta de Elton se lê: Bernie Taupin. Simplesmente o letrista de 99% de seus sucessos dos anos 70)
Rolling Stone nº182  (01/03/1975) (foi nesta edição que o futuro cineasta Cameron Crowe, com seus 18 anos, conseguiu entrevistar o Led Zeppelin - a banda não dava entrevistas à revista. Essa queda de braço inspirou o seu futuro filme Quase Famosos)
Rolling Stone nº81 10/04/1971
Rolling Stone nº1000 (maio/2006) - a capa baseada na famosa dos Beatles, foi elaborada pelo artista Michael Ullins  que  usou a tecnologia 3D para dar profundidade à cena com tantos ícones.
Rolling Stone 24/03/1977 - a grande fotógrafa Annie Leibovitz ficou 10 anos na revista e  fez fotos antológicas como esta acima.

Roberto Carlos, leve e solto

Na semana passada, eu, minha esposa e minha sogra fomos ver o Rei Roberto Carlos no último dia de sua turnê no Ginásio do Ibirapuera. Este ano já foi um ano atípico pra mim em termos de show, pois num período curto, pude presenciar ao vivo o ótimo show do Zé Ramalho (já postado aqui), o bom espetáculo de Marisa Monte, também em final de turnê, no HSBC Brasil e este último que esmiuçarei aqui. Geralmente é um show top por ano e olhe lá. O da Marisa, embora impecável em repertório, acabou decepcionando no som - tão baixo que as conversas acabavam suplantando o vocal da artista. Fora o desconforto da casa de espetáculos - a mesa apertada mal dava para três e nesse dia eu e a Cris fomos com nossos filhos Gabriel e Letícia. Já o Ginásio do Ibirapuera foi uma grata surpresa. Eu já tinha assistido partida de vôlei ali, mas me admirei com a organização e adequação do local para shows. A iluminação então, foi um show à parte. Ficamos bem à vontade em nossos lugares ( a última fileira da arquibancada, bem no alto) e a visão do palco era bem satisfatória - traçando uma linha reta, chegávamos na cara do anfitrião da festa. Como todo show tem seu porém, o calor no ambiente estava tórrido e o som, bem, todo som em ginásio tem aquele eco que ninguém consegue tirar. Logo de início, Roberto Carlos (de branco!) desfilou clássicos de sua longa carreira, não esquecendo a irreverente jovem Guarda e a sensual década de 70. Esse último período aliás, foi o mais focado, fazendo o show ficar mais caliente - talvez um pouco menos neste dia específico pois o Padre Antonio Maria estava presente. Um medley com Café da Manhã, Botões da Blusa e Seu Corpo, entre outras, todas de seu repertório mais "picante", deram o tom do show, que ainda teve um antigo texto de Ronaldo Bôscoli ( que dirigiu por anos os shows do compositor) resgatado - com todas as picardias inerentes ao autor - e caras e trejeitos insinuantes de Roberto, que de novo está se achando "o cara". Isso é muito bom. Ainda mais agora, que voltou a compor e de novo encontrou leveza e humor em suas letras, características que tinham sumido por anos, desde a morte de sua última esposa. Mesmo em final de turnê e com um cansaço natural, o rei fez um show impecável, que não deixou de incluir suas peças mais religiosas ( Jesus Cristo, Nossa Senhora), mostrou que sua voz é a mesma de sempre e seu carisma imutável. E ainda teve "O Portão", permeada por uma história bem humorada sobre seu cão Axaxá ( o que sorria latindo). Essa ele não cantava há anos - sinal que Roberto Carlos está mesmo se reciclando.

12 de novembro de 2012

Stones lançam ‘Grrr!’

Depois de muita expectativa, finalmente a coletânea Grrr dos Rolling Stones foi lançada hoje. Com duas músicas novas e seleção das mais representativas canções na carreira, o lançamento comemora os 50 anos da banda. A novidade do dia foi o anúncio de um show a mais no dia 08, no Brooklyn, NY, parte da mini turnê entre novembro e dezembro. No link abaixo, matéria do MSN sobre o disco e o show que deve ter pegado muita gente no pulo.
Confira este vídeo incrível do MSN - Stones lançam ‘Grrr!’

Paulinho da Viola, 70

O grandioso Paulinho da Viola, um dos estilistas do samba moderno, faz 70 anos hoje. Para celebrar a data a jornalista Rose Saconi do Acervo do Estadão disponibilizou uma ótima seleção de reportagens sobre o mestre. Aliás, a equipe do Acervo vem fazendo um trabalho primoroso lá no Estadão, um verdadeiro resgate cultural não só para assinantes mas para todos os internautas ( pena que a Editora Abril, com toda a sua história, não faça igual e utilize seu acervo apenas internamente). Aproveito para mandar um abraço ao meu amigo Entini, uma das peças-chaves dessa equipe "caçadora de tesouros editoriais".
Segue o link:

8 de novembro de 2012

A outra música inédita dos Stones

Divulgação
Hoje, como estava prometido, os Rolling Stones lançaram a outra música inédita que irá compor a compilação Grrr!, disco comemorativo dos 50 anos da banda, com lançamento previsto para 12/11 próximo. O single "One More Shot" vem na sequência de "Doom & Gloom", que saiu em outubro e mais uma vez segue a cartilha infalível do rock básico e bem costurado que lembra a grife Stones logo nos primeiros acordes. Pelo que vi, a crítica não se empolgou como no primeiro, mas também não espinafrou - a maioria achou essa um tanto "descuidada". Talvez sim, talvez não, mas é mais um petardo para o abarrotado baú roqueiro da mais longeva banda de rock de todos os tempos. Ter empolgação para se reunir, compor, entrar em estúdio, gravar, divulgar e fazer show - tudo isso na sétima década de vida ( só o Ron Wood ainda não chegou às portas dos 70-  Mick e Keith têm 69, Charlie tem 71), não é pra qualquer um. Ouça "One more shot".

Doodle homenageia Bram Stoker

Hoje surgiu mais um belo Doodle comemorativo, desta vez pelo aniversário de 165 anos do escritor Bram Stoker (1847-1912), criador do Conde Drácula. Sua obra-prima Drácula, lançada em 1897, não se tornou um best seller imediato, só conquistando sucesso no século seguinte. Para chegar ao seu mítico personagem, o autor se debruçou por vários anos no folclore europeu e na mitologia vampiresca. Graças a sua narrativa primorosa, foi o maior responsável pela perpetuação do mito dos vampiros, que fazem estrondoso sucesso em qualquer mídia que se apresentem.


5 de novembro de 2012

O quase lançamento da revista da turma da Mônica em 1969 - final

Capa do livro de Gonçalo Junior
Finalmente consegui juntar as peças sobre o lançamento frustrado da revista da turma da Mônica em 1969, pouco menos de uma ano antes da Editora Abril lançar a revista Mônica, que virou um retumbante sucesso.
Depois de levantar e sondar o assunto em dois posts ( links abaixo), finalmente juntei as pontas com a leitura do último lançamento do incansável Gonçalo Junior, "A Morte do Grilo - A História da Editora A&C  e do gibi proibido pela ditadura militar em 1973". Como em todos os seus livros, este também surgiu de suas incontáveis pesquisas e entrevistas. Na verdade um levantamento leva a outro e nessas amarras, Gonçalo já lançou vários livros, todos gerados depois de longos anos de buscas e depoimentos. Esse último não fugiu à regra e originou-se de uma matéria sua feita para o caderno de fim de semana da Gazeta Mercantil em 1998. Mais uma vez, um precioso documento sobre a ditadura militar, em um capítulo até então inédito na mídia: a censura e a morte de uma revista em quadrinhos, que durante sua curta existência, afrontou e enfrentou os censores com inteligência e coragem. A turma que idealizou a Grilo era a mesma que se unira na mítica redação da Realidade e desde então vinha lançando projetos cada vez mais vanguardistas e desafiadores ( Bondinho, Revista de Fotografia, Jornalivro, FotoChoq). A mesma turma também que tentou lançar no final dos anos 60 revista com Samuel Wainer e três projetos editoriais com os irmãos Rossolillo, entre eles uma revista em quadrinhos da turma da Mônica. Esse novo capítulo fecha o cerco ao assunto e prova que o lançamento frustou-se por causa da política mesmo. Seguem os trechos:
"No primeiro semestre de 1969, depois de algumas tentativas, o grupo "Realidade" foi finalmente contratado pelos irmãos Rossolillo, proprietários da Editora Gráfica Rossolillo Ltda., que funcionava na Rua Fidêncio Ramos, 302, na Vila Olímpia, então um lugar muito distante do centro da cidade e ainda longe da importante área empresarial que viria a se tornar. Na prática, a empresa da dupla de irmãos era muito mais uma prestadora de serviços gráficos que editora. Publicava, então, duas inexpressivas revistas - uma policial e outra de fotonovela - e os donos diziam querer concorrer seriamente no mercado editorial, como recordou Sérgio de Souza. Da parceria, inicialmente, nasceu a União Brasileira de Editoras Ltda. (UBE), com sede no mesmo endereço da Rossolillo e não oficializada na Junta Comercial de São Paulo." "...Sérgio, Narciso e Barreto propuseram aos Rossolillo três revistas em quadrinhos para marcar o início da associação: "O Careca", um anti-super-herói brasileiro, criado por Alain Voss; e a dupla "Cebolinha" e "Revista da Mônica", de Maurício de Sousa. Ambos eram velhos conhecidos do trio. Maurício, dos tempos da "Folha de S.Paulo"; Voss, do departamento de arte de "Realidade". Os primeiros oito mil exemplares do número de estreia de "O Careca" estavam impresso - de uma tiragem total prevista de 50 mil - e os fotolitos de "Cebolinha" e "Turma da Mônica" prontos, quando os donos da editora surpreenderam os dois artistas e sócios e anunciaram que haviam decidido desistir da empreitada. Alegaram que não tinham recursos para tocar a parceria. A história não ficou muito clara. A gráfica e editora tinha sim estrutura para ao menos imprimir as duas revistas, mas os donos teriam sido alertados por agentes do DOI-Codi de que poderiam ter sérios problemas com o Governo porque estavam se metendo com um bando de comunistas. Assim, resolveram cair fora do negócio" "As duas revistas em quadrinhos sairiam com a data de julho de 1969. "Parece que nossos dois sócios perderam uma grande oportunidade, não? Em especial, se estivessem pensando em ganhar dinheiro", recordou Sérgio, ao se referir aos Rossolillo. Ele não teve mais notícias dos irmãos, mas acreditava "que tivessem ido às lágrimas anos depois, principalmente por causa de Maurício de Sousa", que em maio do ano seguinte fechou contrato com a Abril e iniciou a mais bem sucedida carreira de um artista brasileiro de quadrinhos de todos os tempos. (trechos do livro "A Morte do Grilo - A História da Editora A&C  e do gibi proibido pela ditadura militar em 1973", Editora Peixe Grande - 2012).
Graças ao inesgotável Gonçalo Junior, portanto, encerra-se essa série com todos os devidos pingos nos is. A verdade é que enquanto eu estava buscando ingredientes para um possível café da manhã, Gonçalo já estava com almoço e jantar prontos. Melhor assim - eu só tenho que agradecê-lo.
(seguem os links anteriores do blog. O último traz o passo seguinte dessa turma, logo após a morte do Grilo)
http://almanaquedomalu.blogspot.com.br/2011/06/o-misterio-da-ube-e-o-quase-lancamento.html
http://almanaquedomalu.blogspot.com.br/2012/06/revista-da-monica-que-nunca-foi-lancada.html
http://almanaquedomalu.blogspot.com.br/2010/10/o-acervosorve-3-edicoes-fac-similares.html